Sobre o meu espaço
Um novo caminho — podia muito bem ser o título deste breve texto.
Mas no fim desse longo caminho onde quero chegar, o destino é mesmo ao meu espaço.
Andei muito tempo a tentar reencontrar-me, a perceber realmente onde queria estar, como me fazia sentido posicionar-me.
Como não sabia — ou enquanto não tinha certezas dentro de mim — não fiz nada.
Afastei-me durante muito tempo das redes sociais, para manter o foco no meu crescimento interno, na tentativa de abrir todas as portas de mim e perceber se nada ficava de fora na hora de decidir como agir.
É claro que a conclusão nunca é definitiva.
Mas o caminho é este: viver a cada momento, escolher a cada passo.
Entretanto, decidi que o meu espaço tem de ser meu.
Os espaços comuns são bons para chegar a mais gente, para dar a conhecer onde está a porta de entrada.
Mas não são o lugar certo para estar em total transparência e por tempo indeterminado — não para mim.
Por isso, mesmo recorrendo às redes sociais para mostrar onde fica a minha porta, eu não estarei lá por inteiro.
Quero deixar apenas um convite.
Quem quiser, tem a porta aberta — mas terá de lá ir pelo seu próprio pé.
Sinto muito, mas sou recatada, introvertida, envergonhada.
Não sou de fácil acesso.
Só me abro quando percebo que, do outro lado, me querem.
Não sou capaz de impor a minha presença a ninguém.
Mas existo.
Tenho para dar,
tenho uma palavra a dizer,
tenho um lugar para estar.
Este espaço que criei é em nome próprio.
É um pequeno mundo online onde pretendo partilhar os trabalhos que vou desenvolvendo nas várias áreas onde me expresso: design, ilustração, fotografia, escrita, lighting design —
mas também pensamentos soltos, fragmentos, inquietações e reflexões que não precisam de ser projetos concluídos para merecer existir.
É o lugar onde quero estar inteira — mesmo que por pedaços.
Um lugar onde quem quiser, pode entrar.
E onde eu me comprometo a estar: com verdade e intenção.
Criei este espaço com falta de tempo, entre esforços para o esticar.
Agora, pretendo continuar.
Esticar o tempo, cuidar deste mundo, onde todos os que quiserem fazer parte dele e se inspirar possam encontrar alguma coisa de mim — e talvez, não só de mim.
A partilha nunca me foi fácil.
Os exemplos que via não me encaixavam.
E, confesso: não me apetecia copiar.
©CatarinaMontenegro, 2024